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domingo, 12 de setembro de 2010

Bomba seria trunfo do Irã em pacto de não-agressão

De volta do Irã, onde entrevistou Mahmoud Ahmadinejad para a revista "New Yorker", o escritor Jon Lee Anderson soa pessimista. Para ele, o que o Irã busca é um pacto de não-agressão com Israel que garantiria a estabilidade da região em certa medida. O problema é que colocou na barganha o programa nuclear, com o qual, diz Anderson, se aproxima mais da bomba. Em um mundo ideal, esse pacto ocorreria com os dois países desarmados. Hipótese, para ele, pouco provável em um horizonte de décadas.

 Folha - O Irã é o assunto mais urgente na agenda global?
Jon Lee Anderson -
É o lugar onde uma nova ordem irromperia. É o lugar onde uma guerra envolvendo os EUA e outros países importantes poderia ocorrer.

O Iraque pode desmoronar e os EUA não vão intervir de novo da mesma maneira. Os EUA não vão entrar em guerra contra Cuba, a Rússia ou a China. Se eles forem à guerra agora, seria com o Irã. E seria um desastre.

Folha - Eles estão no limite com o Afeganistão e o Iraque.
Jon Lee Anderson - Sim. E é por isso que não querem fazer isso, apenas exacerbaria os problemas. Mas, se a contrapartida é a possibilidade de uma explosão nuclear atingir Israel, creio que eles o fariam.

Folha - Após suas conversas em Teerã, se o Irã conseguir obter a bomba, acha que a usariam?
Jon Lee Anderson - Não sei. Perguntei a Ahmadinejad. O que as duas bombas imaginárias fariam? Israel tem 200. Mas essa argumentação é pouco eficaz, pois o perigo real é o Irã repassá-las a intermediários.
Mais do que planejar usar [a bomba], Ahmadinejad quer um tipo de paridade, seja ao construir as bombas, seja chegando ao ponto em que acabaria por domar Israel ao ter a habilidade de usá-las.

Folha - A seu ver ainda há possibilidade de uma solução negociada?
Jon Lee Anderson - Em termos da relação de Israel e Irã, eles precisam reconhecer um ao outro, claro, e precisam de algum acordo sobre posse e uso de armas nucleares. Para isso talvez Israel tenha de abrir mão do direito de tê-las, mantendo-se sob o guarda-chuva americano ou mundial.

Isso teria de integrar o diálogo para destruir os arsenais mundiais. Nem sei se é possível a essa altura, mas não vejo como contorná-la. Enquanto Israel tiver armas nucleares e os árabes e os iranianos não, vai ter sempre alguém tentando obtê-las.

Folha - O risco de parecer que late e não morde não faria os EUA agirem?
Jon Lee Anderson - Eu sei que Ahmadinejad quer falar com [Barack] Obama. [EUA e Irã romperam em 80, após a tomada da Embaixada dos EUA em Teerã]. Podemos ter coisas interessantes na Assembleia

Geral da ONU, nesta semana. Obama parece querer esse encontro.
Ahmadinejad é um bom tático, e os iranianos querem um pacto de não-agressão. O problema é a imprevisibilidade de Ahmadinejad.

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