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quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Feito no Brasil, desenvolvido no Brasil

 Circunstâncias internacionais contribuíram para que o Brasil crescesse na última década em direção ao patamar mais elevado da economia mundial. Mas a escalada deste degrau, comentada e reconhecida pelos experts de todas as latitudes, foi também obra e graça de decisões tomadas aqui dentro, seja na esfera pública ou na iniciativa privada - e muitas delas umbilicalmente atreladas a um saudável conceito criado pela nossa estratégia nacional de defesa: "feito no Brasil, desenvolvido no Brasil".

Parece que não há dúvida de que, quando o País tem capacidade para gerar tecnologia e produtos de qualidade a preços competitivos, é nesse manancial que devemos nos abastecer, uma vez que reproduz e redistribui aqui o resultado dos esforços coletivos. Prova disso é a recente divulgação do crescimento das oportunidades internas a partir do Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub), firmado há dois anos com a França, estando a cargo da Marinha do Brasil avaliar as potencialidades de participação de empresas brasileiras. E já não era sem tempo, mesmo, que passássemos de importantes fornecedores de matérias-primas para um país capaz de ir além, entregando ao mundo produtos acabados e no "estado da arte". Muitos deles, registre-se, nascidos da criatividade cabocla, como o avião e o rádio, invento também creditado ao padre gaúcho Roberto Landell de Moura - ambas as paternidades, porém, ainda mantidas no escaninho das polêmicas.

É, aliás, impactante o impulso da aviação brasileira, desde Santos-Dumont até o já cobiçado KC 390, extraordinária aeronave de última geração gestada nos escritórios, laboratórios e hangares da Embraer, a voar dentro de cinco anos. Trata-se de mais um produto que orgulha, não só pelos seus reconhecidos aspectos técnicos, mas pelo anunciado sucesso comercial: a expectativa é a de assegurar, em 15 anos, 20% do mercado mundial de cargueiros, hoje estimado em 700 unidades - um bolo que beira os US$ 50 bilhões -, a iniciar por uma oportuna compra já contratada pela Força Aérea Brasileira (FAB), de 28 aeronaves. A Colômbia acaba de assinar contrato para a compra de 12, enquanto entram na fila Portugal, Chile, França, entre outros. E atrás do E 190 estão os norte-americanos da Republic Airlines e os ingleses da Flybe.

Além desses fatos já divulgados e aqui resumidos, encontramos no mundo da aviação brasileira outros feitos notáveis, e que poucos conhecem.

Em 2008, um Esquadrão de caças F-5 da FAB esteve nos EUA participando do Red Flag, o mais importante e complexo exercício de combate aéreo do mundo. Surpresa: pilotos brasileiros, em aeronaves modernizadas pela brasileira Embraer, com aviônica produzida pela também brasileira Aeroeletrônica, conseguiram alcançar o mesmo índice de sucesso dos pilotos americanos, marcando a mais importante participação da FAB em operações internacionais.

Ou seja, há muito de verde-amarelo na aviação mundial, desde a competência dos nossos pilotos à qualidade dos produtos. Lembramos, ainda, a aeronave de transporte C95 (Bandeirante), de patrulha marítima P-95 (Bandeirulha) do A 29, o Super Tucano, todos da Embraer e igualmente abastecidos em seu sistema de inteligência pela Aeroeletrônica - há mais de 20 anos parceira da empresa e a única brasileira capaz de fazer frente às indústrias internacionais em aviônica embarcada. Isso porque, a par de ser flexível a exigências específicas, é capaz de estar em qualquer parte do mundo, em instantes - como comprova a sua capacidade de suporte à FAB, ao responder em menos de 30 minutos a emergências a 5 mil km de distância.

Esses exemplos, dentre centenas, demonstram que, sim, é possível entrelaçar empresas brasileiras para abraçar grandes negócios internacionais e atender, ao mesmo tempo, ao feliz conceito já referido: feito no Brasil, desenvolvido no Brasil. E, no caso, homenagear a memória do pai da aviação, que certamente sentir-se-ia orgulhoso da competência brasileira diante do mais genial de seus inúmeros inventos.

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