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sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Espiões russos estão fora de controle, diz novo livro

Os serviços de segurança russos mudaram muito desde o final da era soviética. Estão muito piores. É essa a opinião de Andrei Soldatov e Irina Borogan, dois jovens jornalistas russos que acabam de publicar um livro sobre o FSB, o principal sucessor da poderosa KGB soviética.

"A KGB era uma organização muito poderosa, mas estava sob o controle rígido do Partido Comunista", disse Soldatov à Reuters numa entrevista em Londres, onde ele e Borogan estavam promovendo seu livro em um seminário.

"Com o FSB, não há controle do partido, nem controle do Parlamento. O que temos é um serviço secreto incontrolável."

O fato de os serviços de segurança russos de hoje não se reportarem a ninguém, aliado a seus métodos cada vez mais brutais -- justificados por uma guerra interna sangrenta contra a militância islâmica -- os tornam mais semelhantes à temida mukhabarat (polícia secreta) do mundo árabe que às velhas agências de espionagem soviéticas, acrescentou a co-autora Borogan.

O livro dos jornalistas, "The New Nobility" (A Nova Nobreza), deve seu título à frase proferida pelo ex-diretor do FSB Nikolai Patrushev em um discurso no final de 1999, celebrando o retorno do poder dos espiões, liderados pelo ex-agente da KGB Vladimir Putin, que na época estava prestes a tornar-se presidente.

Escolhido pelo ex-presidente Boris Ieltsin em 1999 como sucessor supostamente maleável, Putin em pouco tempo mostrou quem mandava. Ele preencheu cargos chaves no Kremlin e nas empresas estatais com antigos oficiais dos serviços de segurança, criando uma nova base de poder feita de indivíduos que compartilhavam uma lealdade.

Sem o freio de qualquer instituição e sem precisarem reportar-se a ninguém, os membros da "nova nobreza" não demoraram a mostrar seu lado perigoso.

A mais destacada ativista dos direitos humanos na Rússia, Lyudmila Alexeyeva, recordou em entrevista recente que, no final da era soviética, a KGB era repressora, mas não tão perigosa.

"Naquela época havia prisões e hospitais psiquiátricos, mas eles não matavam ninguém. Os assassinatos não aconteciam simplesmente, sem mais nem menos. Hoje acontecem", disse.

Promotores britânicos apontaram o ex-oficial de segurança russo Andrei Lugovoy como suspeito no envenenamento radiativo de Alexander Litvinenko, um crítico de Putin, em Londres em 2006, e investigadores russos apontaram um oficial do FSB como um dos suspeitos no assassinato, no mesmo ano, da jornalista e ativista Anna Politkovskaya.

Hoje, dizem os autores do livro, os generais do FSB se assemelham à antiga aristocracia czarista russa de várias maneiras.

Seu gosto por um estilo de vida extravagante financiado por dinheiro obtido através de seus cargos forma um contraste com a era soviética, em que os chefes dos serviços secretos tinham acesso a privilégios temporários que deixavam de existir quando eles deixavam seus cargos.

"Os novos serviços de segurança russos são mais que simples empregados do Estado", escrevem os autores. "São proprietários de terras e operadores poderosos."

O livro -- que não foi lançado na Rússia nem comentado pela mídia russa -- relata como 40 hectares dos terrenos mais caros de Moscou, além da sofisticada Rodovia Rublyovka, foram entregues a altos agentes do FSB em 2003-04 por valores simbólicos, dentro de um esquema legal para recompensá-los por seus anos de serviços prestados.

Alguns dos terrenos foram revendidos em seguida por dezenas de milhões de dólares.

Agentes do FSB e seus colegas do SVR (Serviço de Inteligência no Exterior) são hoje, com frequência cada vez maior, usados para defender os interesses comerciais de oligarcas russos, diz Soldatov.

"Em 2007 Putin admitiu abertamente que, quando nomeou o ex-primeiro-ministro Mikhail Fradkov para a chefia da inteligência no exterior, que a nova tarefa dessa inteligência era proteger os interesses de empresas russas no exterior", explicou o autor.

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