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sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Forças armadas dos EUA permitem o alistamento de recrutas assumidamente gays

Dan Choi, que começou o processo para ser reintegrado às forças armadas dos EUA, fala com a imprensa na Times Square, em Nova York
Pela primeira vez, as forças armadas americanas estão permitindo aos seus recrutadores aceitarem candidatos assumidamente gays e lésbicas.

A medida histórica ocorre após uma série de decisões de uma juíza federal na Califórnia, Virginia A. Phillips, que decidiu no mês passado que a lei “não pergunte, não diga” viola a proteção da igualdade e os direitos dos membros do serviço militar garantidos pela Primeira Emenda.

O presidente Barack Obama disse que a política “não pergunte, não diga” “acabará, e acabará no meu mandato”. Mas o Departamento de Justiça, seguindo sua tradição de defender as leis aprovadas pelo Congresso, tem combatido os esforços da Log Cabin Republicans, uma organização gay, de derrubar a política.

 Phillips decidiu na terça-feira por negar os pedidos do governo para manutenção do status quo durante o processo de apelação.

 O Pentágono declarou sua intenção de dar entrada a uma apelação em caso de uma decisão como esta. Enquanto isso, ele começou a cumprir as instruções de Phillips enquanto a disputa em torno de sua decisão se desenrola.

 Novas instruções foram enviadas por e-mail para os recrutadores na sexta-feira, para lidarem com as situações em que os candidatos apresentarem voluntariamente sua orientação sexual. Os recrutadores não perguntam sobre a orientação sexual e não o fazem desde que lei “não pergunte, não diga” entrou em vigor nos anos 90.

Os recrutadores também foram avisados de que devem informar aos candidatos que a moratória da política “não pergunte, não diga” pode ser derrubada.

R. Clark Cooper, o diretor executivo da Log Cabin Republicans, aplaudiu a decisão do Pentágono.

Mas Cooper notou que segundo as novas regras, um militar que anunciar sua orientação sexual “corre o risco de dispensa caso a decisão seja derrubada –em caso de uma apelação bem-sucedida por parte do Departamento de Justiça”.

 “Eles precisam estar cientes dessa possibilidade”, ele disse.

 Cooper, um membro da Reserva do Exército, disse que estava participando na semana passada de jogos de guerra no Forte Huachuca, no Arizona, quando a decisão foi proferida, e que ficou surpreso com a falta de oposição visível ou protesto.

 Ele a comparou a “um gigantesco dar de ombros de ‘e daí?’” A maioria das pessoas com as quais estava, ele acrescentou, era de membros mais jovens das forças armadas e “poucas pessoas achavam que a cassação já tinha ocorrido”.

 Cynthia Smith, uma porta-voz do Pentágono, não quis tratar da questão sobre se um recruta que declarasse voluntariamente ser gay durante a atual suspensão da lei poderia ser dispensado em caso de apelo da decisão.

 Ela chamou a situação de hipotética e disse apenas que os recrutadores foram avisados que “precisam preparar as expectativas, ao informar ao candidato que uma reversão da lei ‘não pergunte, não diga’ pode ocorrer”.

 Uma oponente de gays e lésbicas no serviço militar tratou a decisão do Pentágono como sendo uma “jogada política”.

 Elaine Donnelly, a fundadora do Centro para Prontidão Militar, uma organização conservadora contrária a gays nas forças armadas, disse que o Congresso, segundo a Constituição, tem autoridade para elaborar regras para as forças armadas.

O Departamento de Justiça, ela acrescentou, agiu de forma apropriada ao pedir a suspensão.

 “Não havia necessidade de introduzir este elemento adicional de desconexão entre lei, precedente e política”, ela disse. “As forças armadas não precisam disso –mas isso é o que o Departamento de Defesa fez e, francamente, eu considero inexplicável.”

 Os recrutadores militares estavam se ajustando à mudança na política na terça-feira.

 Dan Choi, que foi dispensado do Exército segundo a política “não pergunte, não diga”, tentou se realistar no Posto de Recrutamento das Forças Armadas em Manhattan. Fotógrafo e repórteres cercavam a porta e eles, por sua vez, estavam cercados por turistas e transeuntes.

 Choi, que saiu do posto vestindo uma camisa social preta, calça jeans e uma jaqueta preta, disse: “Está em processamento”.

 Ele acrescentou que os recrutadores não se agitaram com seu pedido e ridicularizou o argumento de que a derrubada da lei “não pergunte, não diga” afetaria a coesão das unidades nas forças armadas. “Elas não se desintegraram lá”, ele disse. “A coesão da unidade vai muito bem.”

 Outro ex-militar não foi bem-sucedido. Will Rodriguez-Kennedy, presidente do escritório de San Diego da Log Cabin Republicans, compareceu a um posto de recrutamento em El Cajon, Califórnia, na tarde de terça-feira, para ver se conseguiria reingressar nos fuzileiros navais, após ser dispensado com honras há dois anos.

A visita foi breve. O recrutador lhe disse que havia poucas vagas na corporação para retorno de ex-fuzileiros ao serviço, e que a cota atual estava preenchida.

“Agora eu terei que esperar até dezembro ou janeiro” para descobrir se mais vagas estão abertas, ele disse. “Eu não tenho ideia do que fazer agora a não ser esperar”, disse Rodriguez-Kennedy, que tem 23 anos.

Ele então retornou ao San Diego Mesa College, onde está no segundo ano, para uma prova de japonês.

Omar Lopez, que serviu por 4 anos e meio na Marinha e foi dispensado com honras em 2006 segundo as regras “não pergunte, não diga”, tentou se realistar um dia após a decisão de Phillips, mas foi rejeitado pelos recrutadores, que disseram ainda não ter recebido nenhuma instrução a respeito da decisão, ou sobre a aceitação de recrutas gays.

Dan Woods, o advogado da Log Cabin Republicans, enviou uma carta ao Departamento de Justiça alertando que a rejeição de Lopez e de outros recrutas assumidamente gays significava que “o Departamento de Defesa pareceria estar violando a decisão da Justiça, estando sujeito a ser intimado por desacato” ao tribunal.

Lopez, atualmente um estudante universitário em Austin, Texas, disse não ser membro da Log Cabin Republicans e que na verdade é um democrata.

Ele disse ter ficado satisfeito ao saber que sua experiência pode ter contribuído para o avanço das políticas.

“Eu fico feliz por ter tido um impacto”, ele acrescentou, prometendo tentar de novo. Ele disse não se preocupar com a possibilidade de um retorno às forças armadas a esta altura poder colocá-lo sob uma atenção especial.

 “Eu acho que não voltaria como gay”, ele explicou. “Eu voltaria como um soldado.”

 Elisabeth Bumiller e Andrew Keh contribuíram com reportagem.

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