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sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Israel investiga ataque que matou 21 palestinos da mesma família

Episódio é considerado o mais grave ocorrido durante ofensiva israelense na Faixa de Gaza; Mulheres e crianças estavam entre vítimas da família Samouni em ataque
Um comandante da infantaria do Exército israelense está sendo investigado por causa de um ataque que matou, de uma vez, 21 membros da mesma família durante a ofensiva israelense à Faixa de Gaza, em janeiro de 2009.

O episódio é considerado o mais grave ocorrido durante a ofensiva realizada de dezembro de 2008 a janeiro de 2009.

Ilan Malka, comandante da brigada Givati, foi interrogado pela Policia Militar israelense sob suspeita de violar as regras que determinam em que situações os militares poderiam abrir fogo.

No dia 5 de janeiro de 2009, a casa onde se concentravam cem membros da familia Al Samouni, no bairro Zeitun da cidade de Gaza, foi bombardeada pela Força Aérea israelense. Vinte e uma pessoas morreram e dezenas ficaram feridas no ataque, incluindo mulheres e crianças.

O responsável pelo disparo dos misseis contra a casa foi o coronel Malka, que afirmou que não sabia que havia civis no local.

No entanto, de acordo com depoimentos colhidos pela ONG israelense de direitos humanos Breaking the Silence (Quebrando o Silêncio), o comando do Exército havia sido advertido da presença dos civis no local por oficiais que participaram da operação militar.

De acordo com as informações da imprensa local, o coronel Malka foi interrogado sob advertência, depois que se revelaram contradições entre seu depoimento e os testemunhos de outros oficiais israelenses.

Contradições

Segundo os testemunhos dos oficiais, soldados israelenses que operavam no bairro de Zeitun encaminharam a familia Al Samouni para a casa que foi bombardeada, depois que seis outras casas pertencentes à mesma familia foram ocupadas pelas tropas e transformadas em bases militares.

Familia Samouni foi uma das que mais perderam parentes em ofensiva

O coronel Malka disse, em depoimentos anteriores, que se baseou em vídeos transmitidos por aviões sem piloto, que teriam indicado a "presença de homens armados com foguetes perto da casa".

Porém, segundo os sobreviventes palestinos do ataque, as imagens transmitidas pelos vídeos eram de membros da família que saíram ao quintal para colher lenha para aquecer o local.

De acordo com o analista militar do jornal Haaretz, Amos Harel, a lenha teria sido confundida com foguetes Kassam e levado o coronel a dar a ordem de bombardear a casa.

Os Samouni foram a família palestina que sofreu o maior número de vítimas durante a chamada Operação Chumbo Fundido.

Além das 21 pessoas que morreram no bombardeio da casa, mais oito membros da família foram mortos durante a ofensiva e 45 ficaram feridos.

Crimes de guerra

O caso da familia Al Samouni foi um dos destaques do relatório da ONU, redigido pelo juiz Richard Goldstone, que acusou Israel de ter cometido crimes de guerra durante a ofensiva à Faixa de Gaza.

O advogado militar Udi Ben Eliezer, responsável pela defesa do coronel Ilan Malka, disse ao jornal Haaretz que o comandante agiu para "remover uma ameaça imediata a seus soldados, de acordo com a informação que tinha no momento".

"Só no final da operação foi observada a saída de dezenas de pessoas da casa e só então se percebeu a presença delas no local", disse o advogado militar.

Em decorrência da investigação, o chefe do Estado Maior do Exército israelense, general Gabi Ashkenazi, resolveu suspender a promoção do coronel Ilan Malka. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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