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quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Lula e Sarkozy: um 'caso de amor' que incomoda

Preocupado com influência de presidente francês no Brasil, embaixador dos EUA em Paris disse que ele usou até popularidade de Carla Bruni 

Presidente Lula e Sarkozy

Os telegramas diplomáticos expostos pelo site WikiLeaks revelam que o governo americano vê com preocupação a proximidade cada vez maior do presidente da França, Nicolas Sarkozy, com o Brasil. Em duas mensagens para Washington, o embaixador dos Estados Unidos em Paris, Charles Rivkin, analisa a aliança franco-brasileira como uma estratégia de Sarkozy para ampliar a influência da França no mundo e, sobretudo, na América Latina.

Em uma mensagem de 17 de novembro de 2009, intitulada "França e Brasil: início de um caso de amor", o embaixador americano faz um comentário polêmico, alegando que Sarkozy usa sua mulher, a ex-modelo Carla Bruni, para atrair os brasileiros. Em seu relato, ele destaca que "o público brasileiro ficou decepcionado" com o fato de Sarkozy não ter levado a primeira-dama em sua última viagem ao país.

"Julgamos que Sarkozy tira total proveito da popularidade individual de Carla Bruni e da sua popularidade como casal para avançar nos interesses nacionais da França (no Brasil)", diz um trecho do telegrama.
Rivkin também destaca a frequência dos encontros entre Sarkozy e Lula - nove em apenas dois anos - e avalia a personalidade do presidente do Brasil, segundo ele, "tão parecida com a de Sarkozy que diplomatas brasileiros comentam que quando (Lula) olha para Sarkozy é como se ele estivesse olhando a si mesmo no espelho".

O diplomata americano Rivkin insiste que Sarkozy estaria usando suas relações pessoais com Lula numa "ofensiva de charme para insistentemente cortejar o gigante regional (Brasil)". O governo de Paris, alega o embaixador, recorreu ainda a acordos militares e civis multibilionários, como a oferta ainda não concretizada de 36 jatos de combate Rafale ao governo brasileiro - uma vitória para a França, já que o negócio eliminaria a concorrência dos jatos americanos F-18 e dos suecos Grippen.

Na avaliação da embaixada dos EUA em Paris, a decisão do governo brasileiro de anunciar publicamente sua preferência pelos jatos franceses Rafale teve motivação política. O presidente francês, escreveu o embaixador americano, foi persuasivo nos seus encontros com Lula:

"Sarkozy apresentou (aos brasileiros) o mito de que a França é o parceiro perfeito para estados que não querem depender da tecnologia dos EUA, apesar de os EUA terem concordado em transferir tecnologia relevante para o Brasil, se comprarem o F-18", alfineta Rivkin.

Aproximação daria maior entrada à América Latina

Sempre em tom alarmista, o embaixador avisa a Washington que o próprio Lula tem repetido a intenção do Brasil em tornar-se uma potência mundial e vê na autonomia militar e tecnológica o caminho para isso.

Sugerindo alguma familiaridade com a negociação, ele destaca, entre as promessas da França, "dar aos Rafale brasileiros os códigos dos softwares que representam o coração digital do avião, passo que outros concorrentes relutavam em fornecer."

Em suas mensagens, Rivkin lembra, no entanto, que se os brasileiros fecharem a compra dos Rafale, a Dassault, fabricante dos jatos franceses, "poderá ter que pedir licença de controle de exportação para os EUA sobre as partes (dos jatos) construídas com tecnologia americana."

Em sua comunicação com os EUA, o diplomata discorre longamente sobre detalhes das relações comerciais e históricas entre os governos de Paris e Brasília. E conclui:

"O aprofundamento da relação com Brasil dá à França uma maior entrada na América Latina. Relação estrategicamente simbiótica, o interesse da França pelo Brasil parece beneficiar a ambos. Para a embaixada, essa aproximação provavelmente vai resultar em mais acordos políticos, diplomáticos, econômicos e militares nos próximos três anos."

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