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segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Políticos alemães são atacados por criticarem Israel

Binyamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel
Uma disputa está fermentando na Associação Alemã-Israelense em torno de uma questão fundamental: quão abertamente os políticos alemães podem criticar as políticas do Estado judeu?

Dirk Niebel, um membro do Partido Democrático Livre (FDP) pró-negócios da Alemanha, não é conhecido por sua reticência. Mas quando se trata de criticar Israel, Niebel, que passou um ano vivendo em um kibutz quando era jovem, sempre foi cauteloso. Como sinal de sua solidariedade, ele se tornou vice-presidente da Associação Alemã-Israelense (DIG), um grupo ferrenhamente pró-Israel, em 2000. Era um relacionamento estreito, pelo menos até o ano passado.

Como ministro para Cooperação Econômica e Desenvolvimento da Alemanha, ele planejou uma viagem à Faixa de Gaza em junho passado para visitar uma usina de tratamento de esgoto no território palestino, financiada pelo governo alemão. Quando os israelenses lhe negaram acesso à usina, Niebel se referiu à decisão como um “grande erro de política externa”. No calor do momento, ele acrescentou que “o tempo está se esgotando” para Israel.

As maiores críticas a essa declaração não diplomática não vieram de Jerusalém, mas sim de casa, de vários membros da DIG. “Niebel deveria saber que Israel, dada a situação tensa, tem pouco apreço por visitas demonstrativas, independente de quão bem-intencionadas”, criticou Claudia Korenke e Jochen Feilcke, membros da DIG.

Desde então, há uma disputa fundamental entre os defensores de Israel sobre a direção de seu movimento, uma disputa repleta de insultos e acusações. Ela gira em torno de poder, cargos e da pergunta sobre quanta crítica às políticas de Israel pode ser permitida entre seus amigos.

Obrigação histórica

Devido ao Holocausto e à responsabilidade alemã pela Segunda Guerra Mundial, a solidariedade para com o Estado judeu fundado em 1948 é um princípio básico da política alemã. A segurança de Israel faz “parte da razão de ser de meu país”, disse a chanceler Angela Merkel em um discurso ao Parlamento israelense, o Knesset, em 2008.

Desde a criação da DIG em 1966, o apoio à instituição é visto como a coisa certa a se fazer na política alemã. Seus membros incluem o ministro da Defesa, Rudolf Scharping, o ex-ministro das Relações Exteriores, Joschka Fischer, e o ex-ministro do Trabalho, Norbert Blüm. Reinhold Robbe, o ex-comissário para as forças armadas federais, é o presidente do grupo. A DIG recebe apoio financeiro do governo federal e mantém laços estreitos com a embaixada israelense. Todos os partidos com cadeiras no Parlamento alemão, o Bundestag, exceto o Partido de Esquerda, nomeiam um vice-presidente para a DIG.

Mas o atual comportamento da associação está longe de amistoso. A disputa surgiu após o ataque do exército israelense ao navio turco que levava suprimentos de ajuda humanitária para os palestinos, em maio passado. Nove pessoas morreram no incidente e as ações israelenses foram criticadas em todo o mundo. O Bundestag, a câmara baixa do Parlamento alemão, também adotou uma resolução unânime exigindo a suspensão por Israel do bloqueio à Faixa de Gaza, para irritação dos fundamentalistas da DIG que cercam Feilcke, um ex-membro do Parlamento pela União Democrata Cristã (CDU).

O presidente de 68 anos do grupo da DIG para Berlim e Potsdam, disse: “Israel é um espinho na carne do mundo não democrático. Ele precisa de nosso apoio pleno”.

Feilcke não gosta quando Niebel critica Israel, mas ele ficou ainda mais irritado com a resolução do Bundestag, que os vice-presidentes da DIG apoiaram. “Eu achei que havia algo errado com eles”, ele disse.

‘Com ideologia até os joelhos’

No encontro anual da associação no final do ano passado, Feilcke e seus aliados exigiram a saída dos membros do Parlamento de seus cargos de vice-presidentes da DIG. Quando ele fracassou, Feilcke renunciou. Mas ele não tem intenção de abandonar a luta. Em um artigo na próxima edição da revista da DIG, Feilcke argumenta que a organização deve apoiar posições “independentemente das resoluções do Bundestag ou das decisões nas convenções dos partidos”.

“Pessoas como Feilcke não ocupam mais cargos, o que é bom”, disse Niebel. Marieluise Beck, uma parlamentar pelo Partido Verde e uma vice-presidente da DIG, se queixou de “partidaristas” que nem deveriam estar na DIG.

Beck escreveu um ensaio para a DIG em comemoração ao 60º aniversário do Estado de Israel. No final, ela escreveu sobre a “política de ocupação” da Palestina e disse ser uma “dádiva” o fato de israelenses e alemães poderem discutir esses assuntos atualmente.

Mas Beck não esperava as objeções altamente emocionais que se seguiram. “É difícil imaginar que estou sendo atacada por alguns membros da DIG”, disse Beck. Por semanas, ela recebeu e-mails questionando sua amizade com Israel. A política, que serviu por muitos anos no grupo parlamentar alemão-israelense, e no conselho diretor da DIG, agora está convencida de que “sempre que você fizer uma declaração, você estará com ideologia até os joelhos”.

Niebel tirou suas próprias conclusões. “A amizade com Israel não significa obediência cega”, disse o ministro. “É ok dizer a Israel quando está cometendo erros, primeiro nos bastidores, mas se isso não funcionar, então publicamente.”

No último encontro anual, Niebel, citando limitações de tempo, decidiu não buscar um novo mandato como vice-presidente da DIG. “Mas as críticas também facilitaram a minha saída”, ele disse.

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