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terça-feira, 12 de abril de 2011

América do Sul lidera o rearmamento mundial

Lockheed Martin F-16 Fighting Falcon MLU da Força Aérea Chilena (FACh)
O gasto militar mundial moderou consideravelmente seu ritmo de crescimento em 2010. O investimento global em defesa alcançou no ano passado US$ 1,63 bilhão, com aumento de 1,3% em termos reais em relação a 2009, contra um crescimento médio de 5% em toda a década anterior, segundo indica um estudo publicado pelo Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo (Sipri na sigla em inglês).

O dado reflete de modo geral o impacto da crise financeira nos orçamentos militares. A estatística global, no entanto, é fruto de dinâmicas muito díspares. Em polos opostos, a América do Sul elevou seu gasto em 5,8%; a Europa o reduziu em 2,8%.

A região sul-americana registrou o aumento mais marcado do mundo. Os pesquisadores do Sipri sugerem três explicações principais para tanto. Em primeiro lugar, a crise econômica global teve um impacto muito menor na América do Sul que em outras regiões. Em segundo lugar, a ascensão geopolítica meteórica do Brasil exige um esforço militar por parte do gigante que marca a estatística regional. Em terceiro lugar, a persistência de ameaças à segurança interna em vários países da região - as Farc na Colômbia, o Sendero Luminoso no Peru - justifica um gasto sustentado.

O aumento do investimento é muito marcado. Situando-se ao redor de US$ 63 bilhões, o gasto coletivo da região continua sendo equivalente ao de um país como a França.

"Nos últimos anos houve certa preocupação sobre uma possível corrida armamentista na região. Sem dúvida chama a atenção um ciclo de crescimento tão forte e a aquisição de material adequado para guerras convencionais, em uma zona que não parece estar sob ameaças desse tipo", argumenta Carina Solmirano, pesquisadora do Sipri especializada em América Latina.

"No entanto, vários fatores parecem apontar para uma próxima moderação do gasto militar", prossegue a pesquisadora. "O novo governo do Brasil, que é o principal ator na região, anunciou cortes no orçamento da defesa em favor do gasto social; o Chile [terceiro maior investidor do subcontinente] debate há tempo uma reforma da lei secreta do cobre, pela qual as forças armadas recebem 10% das receitas da venda do metal e dispõem desses fundos com ampla margem de opção. A aprovação da reforma submeteria o gasto a maior controle parlamentar".

Ao contrário da tendência regional, a Venezuela experimentou uma súbita contração do gasto militar em 2010: 27% a menos. "O ciclo econômico negativo teve um impacto. No entanto, é difícil interpretar os dados venezuelanos, especialmente os de aquisição de armas. Parte dos fundos para a compra de armamento parece vir de créditos concedidos pela Rússia, mas que nem sempre se concretizam em aquisições reais. Outra parte procede do Fundo de Desenvolvimento Nacional, mas a distribuição das remessas não é totalmente transparente", observa Solmirano.

A Europa é a única que registra uma redução do gasto militar. Em termos absolutos, quatro países (Reino Unido, França, Alemanha e Itália) permanecem entre os primeiros dez investidores do mundo, segundo o Sipri. Entretanto, a dinâmica da última década fala uma linguagem clara: a China elevou seu gasto em 189%; a Rússia, 82%; a Índia, 54%. O investimento europeu se manteve estagnado, e entra em um ciclo de notável contração. A França reduziu o gasto em 8% em 2010. Os cortes no Reino Unido e na Alemanha serão aplicados este ano.

O secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, alertou recentemente sobre essa tendência, que do seu ponto de vista abre uma profunda brecha na aliança atlântica. Há dez anos os EUA representavam menos de 50% dos gastos da Otan; hoje, quase 75%. As primeiras semanas de intervenção militar na Líbia salientaram as claras limitações operacionais dos europeus sem o aliado americano. Apesar do grave déficit, Obama não contempla cortes militares drásticos, e sim um congelamento do crescimento. Os EUA representam 42% do gasto militar mundial.

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