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quinta-feira, 12 de maio de 2011

"Morte de Bin Laden termina a guerra", diz "pai do Taleban"


Ex-chefe do serviço secreto paquistanês vê na eliminação do terrorista a "desculpa" para os EUA se retirarem do Afeganistão

Hamid Gul crê, porém, que Bin Laden já estava morto e que operação no Paquistão é chance para país se "livrar" dos EUA


General Hamid Gul
"Pai do Taleban", na definição talvez exagerada de Washington, o general da reserva Hamid Gul considera a operação que matou Osama bin Laden em Abbottabad, no último dia 1º, como o "fim da guerra" americana na região, a desculpa perfeita para uma retirada do Afeganistão.

Gul não acredita, contudo, que a operação matou Bin Laden. "Até onde eu sei, ele está morto há anos, por problemas renais", disse.

Quem morreu lá então? "Não sei, talvez alguém graduado da Al Qaeda, talvez realmente a família de Bin Laden estivesse sendo protegida. O que importa é que rapidamente a mídia vai esquecer tudo isso, e Barack Obama se reelege", diz.

Pode parecer conspiratório, assim como desde 2001 ele diz que o 11 de Setembro é uma invenção americano-israelense, mas o fato é que Gul é uma das vozes mais influentes nos setores mais radicais no Paquistão.

O general reabriu um escritório em Rawalpindi, ao lado de Islamabad, o que sinaliza uma saída da geladeira política dos últimos anos. Lá ele recebeu a Folha.

Mesmo sem saber o que aconteceu em Abbottabad, ou sem querer contar o que sabe, Gul afirma que o ISI [serviço de inteligência paquistanês] foi traído pela CIA [agência de inteligência americana] na operação. "Havia cooperação e, de repente, cortaram tudo. Agora o ISI está humilhado", diz.

Segundo ele, Obama matou "dois pássaros de uma vez". Anunciou ao mundo o fim da caçada ao terrorista mais famoso e arranjou uma desculpa para colocar o Paquistão na berlinda. "E nosso país deu mais que qualquer outro aos EUA. Entregamos 400 suspeitos, uns cem eram mesmo da Al Qaeda, inclusive seis líderes", disse.

Ele não acredita, contudo, que a rusga entre Washington e Islamabad passe da retórica. "Eu acho que eles não vão cometer o mesmo erro que cometeram ao abandonar os afegãos após a retirada soviética. Mas essa é a hora para que a gente se livre deles educadamente".

Livrar-se como? "A China é uma parceira mais confiável. Mudamos de sócio, devolvemos qualquer dinheiro que eles queiram. Somos um país pobre, mas relativamente autossuficiente. Fomos agredidos pelos russos, americanos e indianos. E estamos vivos."

Gul pode até não ser "pai" do Taleban, mas é um dos inspiradores do grupo. Depois de promover a islamização radical das Forças Armadas nos anos 1980, ele virou chefe do ISI.

Luta
Na cadeia entre 1987 e 1989, preparou grupos para lutar contra a rival Índia. Fora dela, ajudou a montar o Taleban com a "expertise" de quem havia armado os "mujahedin" na luta contra a invasão soviética do Afeganistão (1979-1989).

Agora, crê que uma retirada americana abrirá espaço para composição política com seus antigos pupilos islâmicos. E faz uma previsão sombria: "A primavera árabe não tem nada a ver com Bin Laden. Mas quando tudo acabar e esses jovens se virem abandonados de novo, vão acabar reconhecendo nele uma lenda, um herói, alguém que foi até o fim."

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