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quarta-feira, 1 de junho de 2011

As possibilidades para o fim da crise na Líbia

Apesar da intensificação dos ataques contra o exército do coronel Gaddafi, a estratégia ocidental continua confusa


Gaddafi recebe o presidente da África do Sul, Jacob Zuma, em Trípoli, que tenta resolver o conflito
Que ensinamentos tirar da intervenção militar internacional na Líbia, que começou no dia 19 de março? Philippe Gros, pesquisador na Fundação para a Pesquisa Estratégica (FRS, sigla em francês), fez um “balanço de transição” dela, em uma nota bastante meticulosa datada do dia 21 de abril, que ele atualizou com o “Le Monde”. Na terceira fase da operação, o balanço ainda deve ser examinado com prudência. Os recursos dos aliados são limitados, e falta uma estratégia comum que seja clara.

Três fases militares
A primeira fase da intervenção, chamada “Odyssey Dawn”, foi administrada pelos americanos. Após os três primeiros dias de ataques, minimamente coordenados , da aeronáutica francesa, e depois das forças britânicas e americanas, os Estados Unidos assumiram os comandos.

Nesse estágio, a ideia era destruir as defesas antiaéreas líbias e conter a ofensiva do coronel Muammar Gaddafi sobre Benghazi. Até 180 ofensivas foram conduzidas diariamente a partir de 22 de março. No dia 28 de março, 600 bombas inteligentes (das quais 455 eram americanas) e 199 mísseis Tomahawk foram lançados. “Com efeitos incontestáveis, uma vez que foi evitado o banho de sangue em Benghazi, os aviões líbios não estão mais voando, e a maior parte das defesas aéreas foi neutralizada”, observa Philippe Gros.

A segunda fase foi marcada, após um imbróglio diplomático, pela Otan assumindo o comando no dia 31 de março na operação “Unified Protector”. Os ataques diminuíram e se orientaram para a busca pelas armas pesadas do coronel Gaddafi. O número de ofensivas caiu para 60, e depois para 40 por dia. Os comandos “sul” da Otan, em Poggio Renatico, na Itália, e em Izmir, na Turquia, levaram diversos dias para se organizar. Além disso, os americanos guardaram seus caças, no dia 4 de abril. As forças pró-Gaddafi se misturaram à população nas cidades. A frente estagnou.

Em meados de maio começou uma terceira fase, correspondente a uma “dupla expansão da ofensiva militar”, segundo Gros. “Expansão tática com a mobilização de meios suplementares para melhor neutralizar os atiradores e as armas coletivas do regime, e expansão estratégica com ataques mais pesados sobre a infraestrutura militar, começando pelos centros de comando”, sobretudo em Trípoli.

A França enviou, no dia 17 de maio, seu navio porta-helicópteros Tonnerre (até o dia 31 de maio ele ainda não havia atacado). O apoio aos rebeldes cresceu. Países da coalizão enviaram conselheiros militares a Benghazi, onde um centro de coordenação das operações foi aberto. E é lógico – mesmo que isso não seja admitido oficialmente – que forças especiais foram mobilizadas.

Um balanço incerto
“O balanço ainda precisa ser considerado com cautela”, ressalta Gros, mas “podemos crer que a maior parte das armas pesadas utilizadas foi destruída”. “Foi praticamente igualado o confronto tático entre as tropas de Gaddafi e os rebeldes”. Mas, “embora a Otan esteja mostrando um otimismo exagerado, ainda há o desafio de acelerar o cronograma militar da insurreição, pois a ‘Unified Protector’ foi inicialmente planejada para terminar em junho”. Após dois meses de campanha, ressalta Gros, os ocidentais empregaram muito menos recursos que em Kosovo: no início de junho de 1999, o esforço aliado chegava a 300 ataques por dia (50 na Líbia).

Desta vez, os Estados Unidos não estão no comando – “é uma questão de recursos empregados e, portanto, de capacidades de persuasão para que os aliados aumentem seus esforços”. E, “ao contrário de Milosevic, Gaddafi não tem nada para negociar além de sua saída, o que torna sua renúncia mais incerta”.

Uma operação sob pressão
O quadro político estabelecido pela Resolução 1973 da ONU, cuja interpretação divide a comunidade internacional, dá lugar a ações diferenciadas. Além do mais, a operação foi montada “à la carte”, em função dos recursos de cada um dos 19 países participantes.

A mobilização aparentemente é grande: cerca de 350 aviões (de todos os tipos) e duas dezenas de navios de combate. Mas a intervenção líbia ilustra, na verdade, “um esgotamento e limites de capacidade” entre os aliados, analisa Gros. A “Unified Protector” possui dois pesos pesados, a França e o Reino Unido, que garantem cerca de 25% das ofensivas cada um. Trata-se, na realidade, de dois “pesos médios no meio de um peso leve”, explica Gros. A maioria dos atores tem empregado meios de intercepção dentro da zona de exclusão aérea, ao passo que os aviões de Gaddafi não estão mais voando. “Esses meios não servem para mais nada, do ponto de vista militar”.

A França está empregando cerca de trinta aviões e garante um terço dos ataques diários, “no máximo” de suas capacidades, assim como em todas suas ações atuais, segundo o ministro da Defesa, Gérard Longuet. Os britânicos enviam cerca de vinte aviões, com muito esforço: as reformas em andamento e as deficiências da manutenção dos Typhoon resultaram em uma falta de pilotos qualificados para ar e terra.

“Atrás, os países que estão atacando, como o Canadá, a Noruega, a Dinamarca, a Bélgica, com a adesão da Itália e dos Emirados Árabes, empregam somente um pequeno contingente de meia dúzia de aviões de combate. Em certo ponto, portanto, não são empregadas mais do que três ou quatro patrulhas ofensivas em território líbio”, explica o pesquisador da FRS.

Assim, a operação colocou em evidência as deficiências dos aliados da Otan: “Somente o prodigioso poder de fogo de precisão oferecido pelos americanos, complementado por sua capacidade exclusiva em matéria de guerra eletrônica ofensiva, permite atualmente que se ‘arrombe a porta’ de um teatro de operações”, observa Gros. Sem o abastecimento americano, não há mais operações: eles garantem 80% das horas de voo da coalizão. Os Estados Unidos forneceram, durante a “Odyssey Dawn”, 80% das munições e 75% dos voos de reconhecimento. Sem contar sua presença nos estados-maiores da Otan, e as operações de influência. Enfim, o prosseguimento das ações dependerá do fornecimento de munições americanas para ar e terra.

Sem visão comum de objetivosComo isso parece ser “de regra em nosso ambiente do pós-guerra fria”, não houve visão comum dos atores sobre o objetivo a ser atingido, constata Gros, o que levou a uma “maquinação estratégica”: “A coalizão que utiliza a Otan está conduzindo uma operação que, explicitamente, visa proteger a população civil; implicitamente, é uma operação de coerção, a qual se confunde com uma campanha de mudança de regime. Uma combinação inédita.”

O destino reservado ao Líder líbio é prova disso. A intensificação dos ataques a Trípoli acentua as críticas daqueles que acreditam que a coalizão está indo além da Resolução 1973. O discurso diplomático (o objetivo não é eliminar o Líder, e sim tirá-lo do poder) contrasta com o militar (se ele estiver em um bunker, azar).

3 comentários:

  1. qualquer um que tenha o minimo de conhecimento de sistemas de defesa e estrategia sabe que essa operacao ja comecou mal em todos os sentidos e devido ao colapso economico das potencias ocidentais,talves esse seja o ultimo "HURRA!" das potencias ocidentais...o futuro dira.

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  2. Se os países não resolverem seus problemas de fronteiras e etnias (a maioria das fronteiras criada pelas ditas "potências ocidentais" na época do colonialismo)não é preciso nenhuma invasão , guerra ou sanção econômica de país ou de coalizão pois a derrota é desenhada no front interno e os abutres estão à solta esperando pela carniça...
    Melhorou o português em "heberapadre"(foi rebaixado rsrsrs)

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  3. Se não pararem com a picuinha, eu vou deletar os comentários!

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