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quinta-feira, 20 de outubro de 2011

La Vanguardia: Mancha da corrupção cresce no Brasil

Os escândalos de corrupção provocaram a queda de quatro ministros desde junho, e o dos Esportes está na corda bamba

Ministro do Esporte, Orlando Silva, em audiência no Senado

A sujeira estava lá, como está e sempre esteve em todos os países. Mas foi há alguns meses, pouco depois de Dilma Rousseff chegar à presidência, que a mancha da corrupção aflorou com descaramento e começou a se estender rapidamente pelo Brasil; a ponto de empanar o brilho de seu sucesso econômico e provocar receios sobre a organização da Copa do Mundo de Futebol em 2014. Em quatro meses caíram quatro ministros, e o dos Esportes está na berlinda.

Uma proliferação de escândalos tão vertiginosa não pode ser entendida sem levar em conta as peculiaridades da política brasileira. Para começar, o Executivo se sustenta sobre uma "base aliada" composta por uma dezena de partidos das cores e tendências mais díspares: a metade dos 22 representados na Câmara, onde se sentam 513 deputados.

A coalizão de governo é liderada por duas forças tão distantes quanto o esquerdista Partido dos Trabalhadores (PT) e o Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), de centro-direita. A formação da presidente (PT) tem 86 deputados na Câmara federal: só 17% do total. Daí a necessidade da própria coalizão e de contínuos pactos de geometria variável.

Mas como é que tantas e tão variadas formações chegam a se coligar e a se entender para legislar e governar? Só mediante a distribuição de cargos ou sinecuras e as transações de projetos e propostas. Tudo isso com as correspondentes dotações orçamentárias como elemento chave de cada negociação. Não há analista político que ponha em dúvida a vigência dessa mecânica. E são inúmeros os que pedem uma reforma urgente do sistema, dado o perigo que encerra.

Para o cientista político Leonardo Avritzer, da Universidade de Minas Gerais, a corrupção no Brasil mantém uma relação direta com o sistema eleitoral, a estrutura de partidos atomizada e a insuficiência de recursos legalmente atribuídos ao financiamento dos partidos. "As coalizões que se formam para governar", afirma, "se transformaram em um sistema de troca em que a designação dos membros do governo é utilizada como meio de arrecadação de recursos para as campanhas."

Mas a história recente indica que o dinheiro desviado dos cofres públicos nem sempre fica nos partidos; às vezes, chega aos bolsos de alguns dirigentes.

Desde que um primeiro escândalo pôs em evidência seu ministro da Casa Civil e homem de confiança, Antonio Palocci, Rousseff exibiu uma insólita firmeza, de tolerância zero, ao enfrentar a corrupção. A presidente obrigou a renunciar todos os envolvidos: não só Palocci e os três ministros que o seguiram ao se descobrir outras tantas redes de corrupção, como dezenas de altos funcionários envolvidos nelas. É a operação faxina ainda em curso.

Em determinados momentos os castigos fizeram tremer as bases da coalizão governamental. O risco era e é óbvio para a chefe de governo. Mas Rousseff conquistou o apoio da população, que de tempos em tempos sai à rua para lhe pedir que não desanime em seu afã depurador. Não é de estranhar, dada a gravidade do prejuízo causado. Há alguns dias a influente Federação das Indústrias do Estado de São Paulo publicou um estudo segundo o qual no ano passado os desvios de verbas públicas custaram ao Brasil entre 21 bilhões e 35,2 bilhões de euros, ou de 1,4% a 2,3% do PIB.

Todos os escândalos descobertos até agora no governo Rousseff explodiram a partir de informações da imprensa brasileira, mais ativa que nunca a esse respeito. A quantidade de material e as acusações cruzadas durante as correspondentes batalhas internas fazem pensar em um denso tráfego de dossiês entre facções que se atacam e buscam vingança.

A presidente mostra-se consciente dos riscos que corre. A seu ministro dos Esportes, Orlando Silva, concedeu o benefício da dúvida enquanto a promotoria investiga seu envolvimento no suposto financiamento ilegal do Partido Comunista através de uma ONG.

2 comentários:

  1. Ainda bem que a Dima não está blindano os minístros corruptos.

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  2. Tentou blindar todos em um primeiro momento, se esquece do Palocci?

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