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terça-feira, 23 de abril de 2013

Napolitano enfrenta o desafio de unir uma Itália dividida politicamente

Giorgio Napolitano

O presidente italiano Giorgio Napolitano fez por merecer sua aposentadoria da política, dizem os editorialistas alemães, mas o impasse político da Itália faz com que o Parlamento não tivesse outra escolha a não ser pedir a ele que permanecesse no cargo. Ele agora enfrenta a dura tarefa de encontrar um primeiro-ministro que possa unir um país profundamente dividido.

Os legisladores italianos tomaram a decisão sem precedente no fim de semana de reeleger o atual presidente, uma medida que reflete o estado desesperadoramente fraturado da política no país, dois meses após eleições parlamentares inconclusivas.

Giorgio Napolitano, 87 anos, obteve facilmente a maioria simples necessária para a eleição no sábado, conquistando 738 dos 1007 votos. Mas a votação final decisiva ocorreu após três dias de votações, enquanto os vários partidos brigavam em torno de quem seria capaz de escolher um primeiro-ministro que poderia sobreviver a um voto de confiança e uni-los o suficiente para formar um governo.

Apesar de não haver proibição a servir dois mandatos como presidente, a tradição é de que o chefe de Estado renuncie após o primeiro mandato. Napolitano disse repetidas vezes que recusaria uma segunda indicação por causa de sua idade. Se ele cumprir o mandato pleno, ele terá quase 95 anos quando concluí-lo. Mas citando um senso de responsabilidade para com a nação, ele acabou aceitando o cargo.

"Nós todos devemos olhar, como tentei nas últimas horas, para a situação difícil do país, para os problemas da Itália e dos italianos, e para a imagem internacional e papel de nossa nação", disse Napolitano em uma breve declaração após a votação.

No final, foi Pier Luigi Bersani do Partido Democrata de centro-esquerda, o primeiro-ministro interino centrista Mario Monti e o ex-líder conservador Silvio Berlusconi que mobilizaram o apoio a Napolitano. A oposição veio do Movimento Cinco Estrelas anti-establishment, liderado pelo humorista Beppe Grillo que virou político populista. Ele rejeitou Napolitano como sendo um símbolo da política corrupta da velha guarda e chamou sua reeleição de "um golpe institucional astuto".

Os comentaristas na mídia alemã apreciaram cautelosamente a reeleição de Napolitano como um símbolo solitário de estabilidade e unidade, em uma situação política fora isso caótica. Mas eles também alertaram que sua eleição sozinha não resolve a crise italiana, e que independente de qual coalizão de governo surja a partir da presidência de Napolitano –ou independente de que novo Parlamento surja caso Napolitano convoque novas eleições– é improvável que seja ideal.

O jornal de centro-direita "Frankfurter Allgemeine Zeitung" escreveu:

"Por um lado, o presidente da Itália conta com bastante poder de tomada de decisão em tempos de crise de governo. Por outro lado, Napolitano também poderia exigir que todos os partidos apoiem sua visão para o futuro da política italiana em troca de sua disposição de aceitar um segundo mandato. Isso significa que, novamente, como sob o primeiro-ministro Mario Monti, uma ampla coalizão de partidos tradicionais precisa produzir um governo juntos. Mas acima de tudo, significa que desta vez a reforma das leis eleitorais, da Constituição e da economia não podem ser adiadas como ocorreu nos últimos dois anos."

O jornal conservador "Die Welt" escreveu:

"O sucesso de Grillo é o outro lado do impasse político frenético na Itália, pelo qual uma legião de políticos pomposos é responsável. Grillo diz que 'esses' políticos precisam ser mandados de volta para casa. No caso da Itália, infelizmente é preciso dizer que a acusação não é injustificada. Giorgio Napolitano agora está de volta ao comando. Talvez ele continue tentando encontrar uma personalidade que possa ser capaz de contornar os partidos e formar um governo que não seja ilusório."

"Mas talvez Napolitano, o primeiro presidente da republica com um segundo mandato, exerça seu direito de convocar novas eleições. Essa seria a melhor solução –mesmo não sendo partidos, mas sim ruínas de partidos, que disputariam a eleição. O velho jovial Giorgio Napolitano tem a responsabilidade de impedir que a Itália se transforme em um Estado falido. Isso não será possível apenas com astúcia."

O jornal de centro-esquerda "Berliner Zeitung" escreveu:

"A política italiana declarou falência. O político idoso Napolitano teve que abrir mão de sua aposentadoria merecida e se tornar o primeiro presidente na história do país a assumir um segundo mandato –um homem de 87 anos no papel de último salvador restante do caos. Mas vários dias antes, ele próprio alertou que sua reeleição não seria uma solução."

"A eleição de Napolitano sinalizou um momento de virada. Mudança não pode ser mais um slogan. Supostamente, seu segundo mandato significará o retorno de uma grande coalizão com Berlusconi –uma quebra extrema da confiança que poderia resultar no colapso da esquerda."

"Segundo as pesquisas de opinião, novas eleições dariam um ganho significativo para Berlusconi. E o Movimento Cinco Estrelas de Beppe Grillo continua ganhando força. Dois populistas podem se tornar em breve as figuras principais na política italiana. É uma perspectiva que seria preferível não imaginar."

O jornal de esquerda "Die Tageszeitung" escreveu:

"Napolitano certamente desfruta do mais alto respeito no exterior e conta com o nível mais alto de popularidade na Itália. Mas apesar de vir da esquerda, a vitória representa um Waterloo para ela, principalmente para o Partido Democrata (PD) de Pier Luigi Bersani. Agora um homem de quase 88 anos deverá continuar como chefe de Estado, porque a esquerda é incapaz de eleger seu próprio candidato no Parlamento –apesar de sua força nos números."

"Inúmeros grupos, unidos apenas por seu ódio mútuo, e duas abordagens irreconciliáveis levaram o PD ao abismo. Diante do sucesso do Movimento Cinco Estrelas de Beppe Grillo, o PD tinha uma escolha. Poderia formar uma grande coalizão com Silvio Berlusconi (e seu partido Povo da Liberdade), ou buscar um acordo com Grillo. (...) (Napolitano) é um conhecido apoiador da grande coalizão entre esquerda e direita, que agora acontecerá na Itália. E, novamente, o vitorioso é Berlusconi. Enquanto isso, o PD está em ruínas, sob risco de ser dividido."

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